CLARICE LISPECTOR 100 ANOS
Só em 1928 aos sete anos, Clarice aprendeu a ler e escrever. No ano de 1929, ela perde sua mãe, D. Mania Lispector ainda muito jovem, com apenas quarenta e dois anos, o seu sepultamento foi no cemitério Israelita do Barro. Em sua homenagem Clarice compôs sua primeira peça para piano.
Em 1930 assistiu uma peça no teatro de Santa Isabel no Recife, que tinha como título “Pobre Menina Rica”, essa peça apesar de ter sido a primeira que assistiu lhe inspirou para escrever alguns contos para a página infantil do Diário de Pernambuco, para sua surpresa o Jornal negou-se a publicar.
Pernambuco foi o seu berço,
sua propriedade intelectual começou exatamente na casa de número 347, da Praça
Maciel Pinheiro, bairro da Boa Vista – Centro do Recife. Foi ali que seus primeiros
versos começaram a ser rabiscado.
No ano de 1933, aos 13 anos, Clarice decidiu tornar-se escritora, mas faltou alguém para ajudá-la. Começando a ler livros, sua escolha foi sempre pelos títulos e nunca pelos autores, de tanto misturar o que estava lendo resolveu rasgar tudo e jogar fora.
Em janeiro de 1935 mudou- se
com a família para o Rio de Janeiro, o seu pai tinha um firme propósito, casar
suas filhas com rapazes judaicos que moravam no Rio, mas não conseguiu.
Em 1939 Clarice ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas a escritora não tinha tanto interesse pelo curso e logo aquela vontade foi sendo suprimida por outros ideais, passando a cursar jornalismo que logo lhe deu a oportunidade de integrar-se na Agência Nacional de notícias do governo como tradutora ocupando o cargo de editora e repórter. Como jornalista, seu primeiro texto publicado na revista foi um conto com temática feminista, depois disso Clarice procurou contactar Fontes para conseguir entrar definitivamente na imprensa. A imprensa foi o lugar ideal para colocá-la na literatura.
No ano seguinte (1940),
Clarice lança o seu primeiro “Conto” que tem como título “Triunfo”, a essa
altura Clarice já estava ladeada de escritores famosos. A escritora não perdeu
tempo, três anos após (1943), lançou o seu primeiro romance sobre o título “Perto
do Coração Selvagem”, essa obra foi decisiva para sua carreira literária, com
tradução para 40 países e traduzida em 32 idiomas.
A publicação foi recebida com
grandes elogios no meio literário, principalmente da crítica especializada e
comparada com escritores europeus, isso deixou Clarice irritada, anos mais tarde
declarou nunca ter lido nenhum livro desses autores. Com o sucesso, veio boatos
que o nome Lispector era um pseudônimo de um escritor famoso.
Entre uma obra e outra, Clarice conseguia
tempo para fazer de cartas, poesias, crônicas, romances e contos.
A obra de Clarice Lispector
foi renovada e divulgada sucessivamente, isso contribuiu para torna-la um dos ícones
da escrita mundial, sendo considerada uma das maiores escritoras judias de
todos os tempos.
Quanto ao Recife, lugar onde viveu sua infância e adolescência, em uma participação de um congresso, declarou sua paixão pela cidade. Sua admiração pelos grandes nomes nordestinos era evidente, como João Cabral de Melo Neto, Manoel Bandeira e outros, o Nordeste estava impregnado em seu coração, no ano de sua morte, Clarice lançou o romance “A Hora da Estrela”, a história desse romance conta que uma alagoana Macabéa foi ao Rio de Janeiro tentar a sorte, ali a escritora coloca uma personagem que está buscando sua própria identidade. Este romance foi adaptado para o cinema.
No ano seguinte (1977), após a
publicação do seu romance “ A Hora da Estrela”, Clarice é hospitalizada com o
diagnóstico “Câncer no Ovário”, detectado muito tarde. Um dia antes de seu aniversário,
11 de dezembro, quando completaria 57 anos chega a notícia de seu falecimento.
Na manhã de seu falecimento, sob fortes sedativos, Clarice ainda ditava frases para uma amiga que sempre esteve ao seu lado em seus últimos anos. Seu sepultamento ocorreu no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro.
A residência onde a escritora
Clarice Lispector viveu no Recife localizada na Praça Maciel Pinheiro no bairro
da Boa Vista, existe previsão de ser tombada em breve. A abertura do tombamento
já foi publicada no Diário Oficial do Estado, sendo assim, a casa de número 387
será preservada por lei. Foi ali que a escritora viveu entre os anos 1925 a
1937.
Atualmente o imóvel
encontra-se no maior estado de abandono, um prédio de três andares pintado de rosa e transformado em verdadeira ruina.
Em frente ao antigo sobrado
existe uma placa informando por quem ali passa que foi a residência de uma ilustre moradora.
Por diversas vezes foi articulado uma remota recuperação daquele casarão no sentido de transforma-lo em um centro cultural. Quem sabe agora esse projeto comesse a sair do papel e torne-se realidade.
Alguns títulos de sua obra:
Romance
·
Perto do
Coração Selvagem (1943)
·
O Lustre (1946)
·
A Cidade Sitiada (1949)
·
A Maçã no
Escuro (1961)
·
A Paixão
segundo G.H. (1964)
·
Uma
Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
·
Água Viva (1973)
·
Um Sopro de
Vida (1978)
Novela
·
A Hora da
Estrela (1977)
Contos
·
Laços de
Família (1960)
·
A Legião
Estrangeira (1964)
·
Felicidade
Clandestina (1971)
·
Onde Estivestes de Noite (1974)
·
A Via Crucis do Corpo (1974)
·
O Ovo e a Galinha (1977)
·
A Bela e a Fera (1979)
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